Incêndios em baterias de íon-lítio estão aumentando na cidade, mas o uso das baterias é difícil de regular, dizem as autoridades.
Crédito: New York Times – Quinta-feira, dia 8 de dezembro de 2022.
Realizamos uma tradução e adaptação do artigo publicado no dia 8 de dezembro de 2022, pelo New York Times, no qual abordamos o quão são perigosas as baterias que alimentam e-bikes, e-scooters e hoverboards sob a visão dos bombeiros do FDNY – Fire Department of New York.
Quase quatro vezes por semana, desde janeiro, os bombeiros da cidade de Nova York enfrentaram uma realidade nova e preocupante: incêndios causados por baterias de íon-lítio. O FDNY registra que incêndios em baterias mataram 6 pessoas e feriram 140 em 2022, até a data da publicação do artigo. No total, são 87 mais incêndios originados por baterias de íon-lítio nos primeiros 11 meses de 2022, do que em todo ano anterior (2021).
As baterias de íon-lítio são protagonistas da nova onda de mobilidade elétrica e alimentam tudo, desde smartphones e laptops até ferramentas elétricas. Mas, os especialistas em segurança contra incêndio em Nova York estão se concentrando nas baterias para e-bikes, e-scooters e hoverboards como particularmente perigosas. Desde então, o FYDP passou a considerar as baterias de íon-lítio como um problema tão grande, que chegou a inserir uma seção intitulada “segurança para bicicletas elétricas” no início do aviso anual de segurança contra incêndio que os síndicos e administradores de edifícios devem distribuir aos moradores e escritórios.
“Baterias e carregadores de íon-lítio apresentam sérios riscos de segurança contra incêndio”, diz categoricamente, acrescentando que bicicletas elétricas e outros “dispositivos de mobilidade” não devem ser carregados em apartamentos, porque estão em ambientes fechados, a maioria não possui sprinklers e possuem considerável carga combustível.
Especialistas em segurança contra incêndio alertam que as consequências podem ser catastróficas, a considerar:
a) pelo menos cinco e-bikes ou scooters estavam sendo carregadas em um apartamento em um prédio de 27 andares em Manhattan, onde ocorreu um incêndio em 5 de novembro. Os bombeiros, sem conseguirem ter acesso ao 20º andar, tiveram que resgatar pessoas por cordas. Pelo menos, 38 pessoas ficaram feridas;
b) um incêndio em um apartamento em um conjunto habitacional público no Harlem matou uma menina de 5 anos e uma mulher de 36 anos em agosto. O pai da menina ficou gravemente queimado;
c) no mesmo mês, um venezuelano de 27 anos que trabalhava em turnos duplos entregando comida no Bronx morreu quando a sua e-bike que estava sendo carregada em seu apartamento pegou fogo.
Especialistas dizem que os problemas geralmente começam com baterias e dispositivos de carregamento envelhecidos, danificados ou com defeito – ou com baterias em carregadores para os quais não foram projetados. O FDNY alerta que baterias não homologadas podem sobrecarregar, superaquecer e pegar fogo. o Departamento aconselha certificar-se de que uma e-bike ou e-scooter carrega um símbolo UL , ETL ou CSA, uma indicação de que atende aos padrões de segurança.
Lidar com baterias de íon-lítio apresenta escolhas difíceis para reguladores e legisladores. Thomas Currao, chefe interino de prevenção de incêndios do FDNY, disse em uma audiência do Conselho Municipal de Nova York, em 14 de novembro, que “nosso desafio é encontrar o equilíbrio adequado para garantir a segurança pública sem interromper desnecessariamente o sustento e o prazer dos usuários”.
A cidade propôs e, em seguida, apresentou efetivamente a proibição de bicicletas e patinetes elétricos em edifícios residenciais há vários meses. Uma porta-voz da New York City Housing Authority disse que a agência “ainda está trabalhando para determinar os próximos passos para esta nova regra proposta”.
Um projeto de lei apresentado na Câmara Municipal tem a intenção de proibir a venda de baterias recondicionadas de íon-lítio, que tendem a ser mais baratas e menos confiáveis. “Não queremos incêndios”, disse Gale Brewer, um membro do Conselho de Manhattan que apresentou dois dos projetos de lei, “mas os 65.000 entregadores precisam poder pagar pelo que é seguro. É um dilema.”
Estações de carregamento são uma possibilidade. O prefeito Eric Adams e o senador Chuck Schumer, líder da maioria no Senado, anunciaram uma doação federal de US$ 1 milhão para transformar bancas de jornais vazias em locais onde os entregadores poderiam parar, para recarregar as baterias de suas bicicletas elétricas.
Apenas uma em cada 10 milhões de baterias de íon-lítio falha, de acordo com a organização Fire Protection Research Foundation. Mas, Currao disse que os incêndios de baterias de íon-lítio “apresentam desafios para os bombeiros que são diferentes de outros tipos de incêndio”, partindo da fuga térmica.
“Isso ocorre quando um excesso de calor é gerado dentro da bateria, resultando em um estado incontrolável de autoaquecimento que excede a taxa na qual o calor pode ser dissipado com segurança”, disse ele na audiência da Câmara Municipal. “Isso causa um efeito dominó dentro das células da bateria e potencialmente cria um estado explosivo.”
O perigo pode continuar depois que o fogo for extinto, alertou. “A bateria ainda é essencialmente uma caixa de produtos químicos”, disse Currao, “e não é incomum ela apresentar novas ignições”, às vezes horas ou mesmo dias depois.
“O estado incontrolável de auto aquecimento que excede a taxa na qual o calor pode ser dissipado com segurança”, disse ele na audiência da Câmara Municipal. “Isso causa um efeito dominó dentro das células da bateria e potencialmente cria um estado explosivo.”
O perigo pode continuar depois que o fogo for extinto, alertou. “A bateria ainda é essencialmente uma caixa de produtos químicos”, disse Currao, “e não é incomum ela reacender”, às vezes horas ou mesmo dias depois.
Qual o impacto disso no Brasil?
Nossos comentários…
Embora estejamos começando a experimentar a transição elétrica, mas com cada vez mais equipamentos eletrificados por baterias de íon-lítio, a nossa sociedade ainda não tem noção do real perigo que esses dispositivos representam.
O fogo em baterias de íon-lítio não é detectado pelos sistemas convencionais de detecção e alarme de incêndio, assim como os extintores que conhecemos não são eficazes no controle. Mesmo assim, por exemplo, estamos vendo estacionamentos de shoppings e condomínios com carros elétricos e estações de carregamento. Pior, a maioria em pavimentos fechados e subsolos.
As baterias que alimentam as e-bikes, e-scooters e hoverboards são consideradas de risco médio de incêndio. Porém, quando estão em ambientes fechados, como em apartamentos, casas garagens e oficinas, tornam-se perigosas. Em ambientes fechados, as baterias tem o potencial de provocar explosões e acelerar a curva de incêndio compartimentado. Sem contar a emissão de toxinas que as baterias falhadas produzem.
Infelizmente, nada está sendo feito em termos de legislação ou orientação pública.
Por isso, nossa iniciativa social, a LiSafe, possui ações gratuitas e outras de baixos custos como cursos voltados ao controle de incêndios em baterias de íon-lítio, a partir de R$50,00.
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